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A Estante Entente

A Estante Entente

25
Set23

Sex Education (2019-2023)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome.pngÀ quarta temporada, Sex Education despede-se. E foi uma bela jornada, na qual acompanhamos Otis (Asa Butterfield) um adolescente tímido no habitual ambiente feroz de um liceu, mesmo que este liceu pareça mais cool do que todos os outros. À medida que vai encontrado o seu espaço, acaba por passar por dois acontecimentos determinantes: apaixona-se por Maeve (Emma Mackey) e abre uma clínica de educação sexual na escola, ajudando os seus colegas, com a sua sensibilidade e os conhecimentos adquiridos junto da mãe, essa sim, a terapeuta sexual de renome, Jean (Gillian Anderson). Nesta nova temporada, pouco depois de Otis e Maeve finalmente se entenderem (beijarem) ela muda-se para os EUA, onde vai estudar e ele, com vários dos amigos de sempre, para uma escola WOKE e com vários desafioos a conquistar. Acaba em beleza, uma das mais frescas séries dos últimos anos.

20
Set23

Uma rapariga com potencial (2020)

Francisco Chaveiro Reis

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À beira dos trinta anos, Cassie (Carey Mulligan) vive com os pais e trabalha numa cafetaria, algo que espanta todos a que conhecem, sobretudo tendo em conta que tinha iniciado o curso de medicina, desistindo a meio. Com o passar da ação, percebemos que Cassie continua na faculdade, presa a um acontecimento marcante: a violação da amiga Nina, em quem ninguém acreditou. Cassie é agora uma espécie de justiceira desviante, fazendo-se de bêbada para dar lições a homens que dela se querem aproveitar, tal como os que se aproveitaram de Nina. Enquanto, isso fecha-a a toda a felicidade da vida, mesmo quando um antigo colega de faculdade se esforça mesmo por reentrar na sua vida. O filme mais original que vi nos últimos meses. 

18
Set23

Doce Tóquio (2022)

Francisco Chaveiro Reis

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Da pouca literatura japonesa que consumi, há uma característica comum que muito me agrada: uma escrita simples com significado complexo. É o que se passa em Doce Tóquio, de Durian Sukegawa. Sentarô, ex-presidiário, tem uma dívida de gratidão e de muito dinheiro para com o seu patrão. Nem o facto de ele estar morto faz com que deixe de a querer pagar, passando os seus dias a fazer dorayaki, uma espécie de panquecas recheadas, que confeciona como um autónomo, sem paixão. Mas vai pagando a dívida à viúva. Nos intervalos, bebe demasiado e deixou o sonho de ser escritor.

A sua vida muda quando conhece Tokue, uma senhora de idade, com umas mãos estranhas, que quer trabalhar para si, por uma fração do salário justo. Depois de muita resistência, Sentarô aceita a ajuda e começa a perceber o quão especial a idosa é. Faz a melhor pasta de feijão doce que já comeu e ajuda o negócio a crescer, ao mesmo tempo que, por muito que o parão a queira escondida, começa a conquistar os clientes, em especial, a adolescente Wakana.

Aos poucos, Sentarô e Wakana vão conhecendo o passado triste de Tokue e a explicação para as suas mãos deformadas, o que abre as portas para o conhecimento do autor para a forma como as pessoas com uma determinada doença eram tratadas no Japão, até meio dos anos 90.

Este é um livro sobre fé na pessoas e sobre o sentido da vida. Em 2015, deu em filme.

12
Set23

O Segredo da Criada (2023)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (2).pngNão muito tempo depois dos acontecimentos do primeiro livro, Millie está um pouco como antes. Trabalha para uma família rica enquanto ela se mantem no limite da sobrevivência, vivendo num pequeno apartamento num bairro pouco recomendável. Vítima dos caprichos de mais uma senhora rica, acaba por necessitar de encontrar uma nova ocupação, conhecendo os Garrick, donos de um luxuoso apartamento. Cabe-lhe limpar, cozinhar e fazer recados, convivendo com Douglas, que lhe dá instruções precisas do que quer que Millie faça, com uma simpatia dura. Já Wendy, supostamente doente, nunca deixa o quarto e nunca se deixa ver, algo que desperta o lado de investigadora de Millie. Enquanto isso, tem uma nova relação, com Brock, um advogado bem-sucedido que não a faz esquecer um amor do passado. Como no volume anterior, lemos uma segunda parte em que é Wendy a contar-nos a história…

12
Set23

A Criada (2023)

Francisco Chaveiro Reis

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Livro sensação um pouco por todo o mundo, A Criada, de Freida McFadden, apresenta-nos Millie, uma ex-presidiária em busca de uma forma de subsistência. À beira da indigência, aceita trabalhar para os Winchester, uma família riquíssima, limpando, cozinhando e cuidando da filha do casal. Mas, Millie está encurralada entre Andrew, atraente e charmoso e Nina, uma mulher em rota de autodestruição que insiste em dar-lhe indicações que chocam umas com as outras, apenas para a repreender depois. A relação com a filha do casal, caprichosa e mimada, também não é a melhor, mas, Millie, não pode simplesmente deixar este emprego e depois de dias duros, descansa num minúsculo quarto, sem janelas e com uma tranca…por fora. Provando que nem tudo é o que parece, McFadden apresenta-nos na segunda parte do livro a visão de Nina, dos mesmos acontecimentos que vimos antes pelos olhos de Millie…. Imperdível.

05
Set23

Um cão no meio do caminho (2022)

Francisco Chaveiro Reis

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José Viriato tem mais de 50 anos, vive num bairro modesto da margem sul e vive do lixo que apanha de noite. Desde cedo, em miúdo, quando vivia no mesmo bairro, entendeu que a sua vida não seria tradicional. Recusou desde sempre um emprego com um patrão e desiludindo a família (a avó, que lhe escreve sem ter resposta, está muito presente na história). Descobre que aquilo que os outros deixam para trás, tem beleza e que há outros como ele, que a conseguem ver. Vive disso, sem luxos. Acorda tarde, bebe café fora, uma vez por dia, e vagueia pela noite, com os seus dois cães, uma paixão de sempre.

Mas esta também é a história de Beatriz, a Matadora, igualmente solitária e com uma vida pouco tradicional. Marcada por um amor unidirecional, vive sozinha, com as suas centenas de caixotes, todos catalogados e repletos de objetos e recordações que talvez um dia possam dar jeito a alguém. Quando adoece, conta com José para a ajudar e os dois começam a unir as solidões, através de histórias passadas. Mais um grande livro de Isabela Figueiredo.

28
Ago23

Barbie (2023)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (2).pngBarbie já sabia, não é um filme infantil para os fãs da boneca da Mattel. É um filme com um grande elenco – Will Ferrell, Margot Robbie, Ryan Gosling, America Ferrara, Issa Rae, Kate McKinnon, Simu Liu, John Cena a até Dua Lipa – e com uma grande realizadora – Greta Gerwig que coescreveu a fita com Noah Baumbach mas que parece ficar pela rama do que quer ser: uma comédia negra com críticas ao consumismo, culto da personalidade e superficialidade que a Barbie promove. Tem cenas com piada e tem no duo principal (mais em Gosling) um belo par de atores, mas em geral, fica aquém do que quer e podia ser...

26
Ago23

Os Meus Dias na Livraria Morisaki (2023)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (3).pngAos 25 anos, Tatako vê-se sem namorado e sem emprego e reaproxima-se de um tio excêntrico, com o qual não falava há anos. Mas, ele recebe-a de braços abertos e dá-lhe acesso ao pequeno apartamento que fica em cima da livraria da família. É assim que a jovem se apaixona pelos livros, pelo bairro de Jimbocho, onde há a maior concentração mundial de livrarias e se reaproxima do tio, a quem começa a conhecer como uma pessoa, e não como um parente distante que morava na memória. Afinal, Satoru, apesar de bem-disposto, também tem a sua história e os seus problemas, desde logo o súbito desaparecimento da mulher. Escrito com a habitual aparente simplicidade japonesa, Os Meus Dias na Livraria Morisaki, de Satoshi Yagisawa é um sucesso e percebe-se porquê: tem personagens apaixonantes e é uma ode aos livros.

20
Ago23

A História de Roma (2022)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (6).pngNão podia ter sido melhor o meu primeiro contacto com a escritora portuguesa Joana Bértholo. Não ajudou a diminuir o meu preconceito de que os autores portugueses usam demasiados floreados para contar histórias, mas floreados destes, só fazem bem ao leitor. Aqui, conhecemos uma história de amor que sabemos já ter terminado. Uma jovem portuguesa a viver em Buenos Aires conhece um artista local e nasce uma avassaladora paixão, que parece continuar para ela e acabar por ele. Quando vem ele a Lisboa, é hora de reviver a história, através de dois óculos bem diferentes. E sabemos que a história, ou fragmentos dela, viveram em paragens como Marselha ou Beirute. Pelo meio, outras histórias, de quem apareceu pelo caminho, como a excêntrica e rica Maria Francisca ou do desgraçado rapaz conhecido como Recoba. Um tesouro da literatura portuguesa contemporânea.

18
Ago23

Bless This Mess (2019-2020)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (7).pngNão é a história original, mas nem por isso perdeu a graça. Um casal de citadinos (no caso, vindos de Nova Iorque) deixa os seus empregos e recomeça a vida no campo. Ela, Rio (Lake Bell) era terapeuta e não hesita em largar tudo para acompanhar o marido, Mike (Dax Shepard) na ida para uma terriola no Nebraska, onde vivia uma tia de Mike que lhe deixou tudo. Mas o tudo, não é bem o que esperavam. A casa de campo está a cair e tem um simpático velhote a viver lá de graça e o terreno é infértil, o que é mau começo para quem quer ser agricultor. Os gags são previsíveis mas a série, que só não tem terceira temporada devido à pandemia que a ceifou, tem a sua piada.

17
Ago23

Heartstopper - Livro 1 (2021)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (8).pngAtirei-me ao primeiro volume de Heartstopper, o sucesso mundial que começou pela banda desenhada e evoluiu para uma série na Netflix. A história é simples, pelo menos no primeiro volume, com um rapaz de liceu a conhecer e a apaixonar-se por outro rapaz de liceu. Conta-se com um traço aparentemente simples. Mas apesar de parecer ser apenas mais uma história de amor, há uma genuinidade e ternura que faz com que também eu me junte à legião de fãs da série criada por Alice Oseman.

18
Jul23

Cara ou Coroa (2018)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (9).pngDepois do clássico Kane e Abel, voltou aos escritos de Jeffrey Archer para ler este Cara ou Coroa, que, um pouco como Kane e Abel, acompanha duas histórias que se cruzam, sendo que as duas histórias são, na verdade, a vida do mesmo homem: Alexander Karpenko. Adolescente na Leninegrado comunista, Alexander tenta viver uma vida mais ou menos despreocupada até que o seu pai, que se recusa a filiar no partido ou a pensar por outra cabeça que não a sua, é assassinado pelo KGB. É hora de Alexander e da mãe, Elena deixarem a Rússia. No porto, têm uma escolha: ir para os EUA ou para Inglaterra. Descobrimos que vão para…os dois. Archer desenha-nos a vida de filho e mãe nos dois cenários. Assim, metade do livro acompanha Alexander, conhecido em Inglaterra como Sacha, num percurso de sucesso académico e político, ao mesmo tempo que ajuda a mãe a construir um império de restaurantes de grande qualidade, um ponto em comum com Alex, a versão americana. Alex gosta pouco de estudar, acabando por se tornar dono de várias barracas de rua, sendo um jovem empresário de sucesso até ir para o Vietname onde conhece um destacado político, oriundo de uma família de grandes posses que ajudará a triunfar na vida. Um sucesso narrativo.

05
Jul23

Cavaleiro (2022)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (10).pngJoseph Bologne, nascido em Guadalupe, chega cedo a França para prosseguir a sua educação, sobretudo musical, dado o seu óbvio talento. Filho de um francês e de uma nativa, Joseph é bastardo e mulato, sendo tratado com desprezo por muitos dos que encontra durante a sua vida. Isso não o impediu de ter uma personalidade forte e até com excesso de confiança, que se fortaleceu com as vitórias na esgrima, a amizade com a Rainha Maria Antonieta que o nomeou cavaleiro e claro, com o sucesso que vai alcançado na música. À medida que a posição da monarquia se torna mais frágil e a Revolução espreita, Joseph tem que lutar para se manter influente, dando mais provas do seu talento, enquanto ambiciona dirigir a Opera de Paris e ter uma relação proibida. Fabuloso desempenho de Kelvin Harrison, num biopic de Stephen Williams sobre um compositor que Napoleão tentou apagar da história, sem sucesso.

03
Jul23

Dispara, Eu Já Estou Morto (2013)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (11).pngJulia Navarro é a mestre da ficção histórica e, como já aqui escrevi, não será exagero chamar-lhe a versão feminina de Ken Follett. Em “Dispara, Eu Já Estou Morto”, de 2013, a espanhola debruça-se sobre o conflito israelo-árabe dando espaço ao olhar judeu e árabe. De um lado, está a família Zucker, judeus de origem russa que chegam à Palestina representados por Samuel, quando a sua família tinha morrido às mãos de extremistas. Primeiro, a mãe e irmãos, por simples ódio à sua religião judaica e muitos anos mais tarde, o pai, por ódio aqueles que não pensavam como o poder reinante. Do outro lado, estão os Ziad, habitantes da Palestina desde sempre e arrendatários de um pequeno pedaço de terreno que, um dia se tonar propriedade de Samuel e outros judeus que, contra todos os seus preconceitos se tornam seus amigos num punhado de casas e terras agrícolas a que passam a chamar a Horta da Esperança, um micro lugar que o grupo gostava que se tornasse um exemplo do que deveria ser a nova Palestina.

Quando chega à Palestina, Samuel já se despediu daqueles que mais gostava. Em criança, amaldiçoou o seu judaísmo quando a mãe e irmãos foram assassinados apenas pela sua religião. Com a Rússia mãe numa situação difícil, o jovem Samuel e o pai mudam de vida. Primeiro vão para São Petersburgo, vivendo num pequeno quarto na casa de duas irmãs viúvas, onde Samuel estuda e o pai, Isaac, faz pela vida vendendo peles que anualmente vai buscar a Paris. É ali que Samuel se forma como homem, com a estreita influência de amigos de maiores posses, mas que sempre o tratam como um igual. É ali que começa um amor não correspondido por Irina e que se apaixona pelas fórmulas, que fazem dele botânico, conhecimentos que ajudarão muitos na Palestina. Já sem o pai, que mais uma vez tudo fez por Samuel, o jovem chega a Paris com Irina e um pequeno protegido e, depois de perceber que a bela Irina nunca fará vida com ele, decide tentar a sorte na Palestina.

É na Palestina que já vivem os Ziad, com Ahmed como seu chefe de família, ele que trabalha a terra e a pedra, ganhando para o sustento da mulher e filhos. Quando a pedreira deixa de dar o lucro que o seu senhorio árabe pretende, é vendida e Samuel e um grupo de estranhos tornam-se donos da sua casa e terras e um outro, da pedreira. Ahmed nada perde. Pelo contrário. Mantém a casa, o trabalho e ganha um grupo de amigos, mesmo que nunca entenda alguns dos seus costumes. Judeus e árabes conseguem fazer das suas casas, um oásis de tranquilidade. Mas, de um lado e de outro, muitos são os que não entendem aquelas amizades e que pretendem que os lados se distanciem e que os amigos escolham as suas “equipas”.

Tendo como pano de fundo os acontecimentos políticos e bélicos da altura, Navarro faz um registo magistral de um dos conflitos mais conhecidos do mundo, expondo argumentos de um lado e de outro, mostrando um possível caminho para que os dois povos convivam.

15
Jun23

Fresh Off the Boat (2015-2020)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (12).pngEddie Huang, autor americano, chef, dono de restaurante, personalidade gastronômica, produtor e ex-advogado, lançou um livro sobre a sua infância, contando a sua experiência como americano a crescer nos anos 90, com uns pais vindos de Taiwan e com uma mentalidade diferente da dos seus colegas. Do seu livro de 2013, nasceu, dois anos depois, Fresh Off the Boat, a série, que teve seis temporadas. Eddie terá gostado do episodio piloto, mas não da forma como se desenvolveu. Opinião contrária é a minha que gostei, e muito. Mas, claro, eu não vivi o que ali se conta. Fresh Off the Boat coloca-nos na Orlando dos anos 90. O pai Huang, Louis (Randall Park) deixa Washington e um emprego mediano onde tinha o cunhado como patrão e decide abrir um restaurante. Nasce uma casa de bifes, com o tema do Velho Oeste que lentamente começa a ter sucesso. A mãe, Jessica (Constance Wu) é obsecada pela educação dos filhos, a quem tudo exige e pela poupança de dinheiro mesmo quando a família começa, enfim, a ter algum. É o contrário de Louis, divertido e quase infantil, apesar de ter olho para o negócio e tudo fazer pela família. Depois, os filhos, a começar, claro, por Eddie (Hudson Yang), amante de hip hop, cozinha e sobretudo de se divertir. Emery (Forrest Wheeler) é o filho do meio, com vontade de ser ator, bom aluno e sempre popular, entre amigos e amigas. Por fim, Evan (Ian Chen), menino prodígio, inteligente e aprumado. A família completa-se com a mãe de Louis (Lucille Soong), a quem a cadeira de rodas e o fraco domino do inglês não limita nas suas aventuras non-sense.

Aos longo de 116 episódios rimo-nos (muito) das peripécias normais de qualquer família e do choque cultural entre vários mundos, que muitas vezes têm representação dentro da própria família.

14
Jun23

Dog Mendonça e Pizzaboy (2023)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (13).pngJá tinha comprado e lido os quatros volumes com as aventuras de Dog Mendonça, investigador do oculto sedeado em Lisboa e do seu ajudante, Pizzaboy, Eurico, antigo entregador de pizzas. A Tinta da China lançou em 2010, “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy”, com prefácio de John Landis; as “As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy - Apocalipse”, em 2011, com prefácio de George A. Romero; “As Fantásticas Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy - Requiem”, em 2013, com prefácio de Tobe Hooper e “Os Contos Inéditos de Dog Mendonça e Pizzaboy”, em 2016, com prefácio de Lloyd Kaufman. Agora, não resisti a um novo volume, editado pela Companhia das Letras, nova casa do argumentista Filipe Melo, do desenhador Juan Cavia e do responsável pela cor, Santiago Villa.

“As Aventuras Completas de Dog Mendonça e Pizzaboy” era um sonho dos seus criadores que acaba de ver a luz do dia, tendo sido apresentado a 4 de junho na Feira do Livro de Lisboa. Com capa dura, junta os quatro livros originais e junta-lhe uma novíssima história, a de Madame Chen, relativamente secundária na trama, mas que acrescenta muito ao volume. Acompanhamos a sua vida desde uma China que já não existe até à sua chegada a Lisboa onde se torna num oráculo. O traço de Cavia, mais maduro desde as primeiras aventuras e o texto de Melo, também mais desenvolvido desde 2010, fazem da história extra, motivo suficiente para se apostar no volume, mesmo que o preço seja alto, mesmo que compatível com 2023 e cima a qualidade da edição.

Melo e Cavia, responsáveis, entretanto por obras primas como Balada para Sophie ou Os Vampiros, são mais do que mostram nestas aventuras, mas foi aqui que começou a sua união e mesmo sendo notória a evolução artística de ambos, como é natural, é muito bom ler ou reler estas histórias.

Este é um dos lançamentos do ano.

13
Jun23

MacBeth (2023)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (14).pngUm dos fatores que me atrai na banda desenhada é a possibilidade de consumir grandes clássicos num género diferente. Pode ser uma forma mais “leve” de os consumir, mas também é uma outra abordagem, que adapta ou simplesmente ilustra histórias intemporais. Tudo isto para escrever sobre MacBeth, Rei da Escócia, saído da arte de Guillaume Sorel e Thomas Day, agora editado pel´A Seita, na coleção Nona Literatura, que já nos trouxe Drácula.

A dupla conta, em traços gerais, a história original de Shakespeare, na qual o general escocês MacBeth trai o primo para lhe ficar com a coroa, com a ajuda da mulher. No entanto, nesta versão, Lady MacBeth tem um papel mais central do que nunca, fazendo do marido, um instrumento da sua vontade. A tragédia ganha novas cores e ainda bem.

12
Jun23

Bartleby, o escriturário (2023)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (16).pngUm atarefado advogado de Wall Street contrata o jovem e misterioso Bartleby para ser mais um par de mãos a ajudar no escritório. Por dois dias, o novo empregado responde, mas a partir daí começa a “preferir” não fazer isto e aquilo, até ao ponto que é dispensado do seu emprego. Nem por isso deixa o escritório ou a vida do seu patrão, que sente por ele uma certa compaixão. Esta é a belíssima adaptação a novela gráfica da alegoria de Herman Melville, lançada em 1853. Excelete trabalho de José Luis Munuera.

12
Jun23

Rabo de Peixe (2023)

Francisco Chaveiro Reis

Design sem nome (17).pngRabo de Peixe é um fenómeno mundial, estando nos tops da Netflix. Não sendo a série do ano, é motivo de orgulho para a ficção local. Tem excelentes atores a fazerem muito bem o seu trabalho; tem uma história original que se desenrola de forma competente; é bem filmada e tem um visual interessante. É verdade que descai para um lado demasiado POP, pouco condizente com a pobreza e melancolia dos Açores, mas sem isso, a série seria menos comercial e ser comercial não é necessariamente algo mau.

Rabo de Peixe leva-nos ao início dos anos 2000 quando um barco ao largo dos Açores perde a sua carga: 500 quilos de droga. Se parte dá à costa e é apreendida, outra grande parte fica à mercê dos mais conhecedores dos mares. Eduardo (José Condessa) segue a maré e encontra uma boa parte da carga. Ele que sempre foi pobre, só tem a memória da mãe e o pai, cego. Vê no pó um sinal de mudança de vida, finalmente. Para se fazer rico, conta com a ajuda dos melhores amigos: Carlinhos (André Leitão), gay frequentado por homens casados que dele têm vergonha; Rafael (Rodrigo Tomás), estrela de futebol na adolescência e agora pescador/pequeno criminoso e a sua namorada e amor de Eduardo, Silvia (Helena Caldeira). Mas, a riqueza fácil bate de frente com a polícia (Maria João Bastos e Salvador Martinha) e dos bandidos, locais (Albano Jerónimo ou Afonso Pimental) e internacionais (Francesco Acquaroli e Marcantonio Del Canto).

Rabo de Peixe, uma das mais pobres e esquecidas freguesias de Portugal, é apenas pano de fundo e possivelmente as vidas sem esperança das suas gentes seriam melhor retratadas noutro registo mas esta aventura que mete mulheres de bikini e cabelo rosa, bem como alguns estereótipos e episódios sem grande surpresa, no geral, é um belo produto que acrescenta bastante ao streaming em português.

23
Mai23

Uma Pequena Luz (2023)

Francisco Chaveiro Reis

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Uma Pequena Luz conta a história tragicamente conhecida do mundo, por uns olhos diferentes. Miep Gies era secretária de Otto Frank quando os nazis começaram a expulsar os judeus da cidade, rumo aos campos de concentração. Foi Miep que ajudou a família Frank a sobreviver, escondida, no sótão em cima do escritório que Frank geria. Durante dois anos, até a família ser descoberta pela Gestapo, Miep levou-lhes comida, esperança e humanidade, sendo essencial para Anne, como sua amiga mais velha e modelo.  Inconformada, tentou ajudar todos os que conseguiu, sendo um exemplo de coragem em tempos de trevas. E foi Miep que descobriu e guardou o famoso diário, com a ideia de o devolver a Anne, mas infelizmente só o conseguiu dar ao pai, seu antigo patrão e amigo. Bel Powley é um portento, muito bem acompanhada por Joe Cole (como seu marido, Jan); Otto (Liev Schreiber); Anne (Billie Boullet) ou Edith (Amira Casar).

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