James Earl Jones (1931-2024)
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A Cicatriz, livro sensação nas redes sociais (escrevo-o sem desprimor) não é para mim. Possivelmente também por ser para muitos outros, mesmo que me ache acima desse efeito adolescente de não gostar do que a maioria gosta. Aqui, Maria Francisca Gome (viva as novas escritoras portuguesas, mas nem sempre corre bem) conta a história de um jovem casal apaixonado, de visita ao Rio de Janeiro. Desde o início sabemos que algo terrível está para acontecer e que ela, a mulher deste casal, escreve as memórias do que lhes aconteceu, a partir de um estado de exclusão do mundo. Aos 26 anos, divaga sobre família, trabalho, planos de futuro e sobre a sua ida ao Rio, uns anos antes. Não conheço o Brasil e sinto que pouco mais fiquei a conhecer e que tudo o que está escrito poderia ser escrito por qualquer outra pessoa que tivesse visto meia dúzia de produtos culturais sobre o país. Depois de algumas páginas algo pensosas, chega o terrível acontecimento, lhes muda a vida. A ela, centro do sofrimento, sobre o qual sabemos pouco. Percebo a fórmula. Encher páginas de antecipação, lidas quase de raspão para chegar ao acontecimento; o acontecimento, ainda mais gráfico do que estávamos à espera sem que ao mesmo tempo fiquemos de facto surpreendidos e os efeitos do mesmo no resto da vida deles. A Cicatriz talvez não seja um mau livro ou pelo menos talvez não seja pior do que outros que li e de gostei. Mas não é para mim. A mim, pareceu-me um caso de amontanhapariuumrato.