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A Estante

A Estante

Cuba Libre (2022)

Outubro 19, 2023

Design sem nome.pngCubra Libre continua a contar a história de evolução da ficção nacional, em termos de qualidade técnica, qualidade de narrativas e de representação. Desta vez, debruça-se sobre a história verídica de Annie (Beatriz Godinho), filha do diretor da PIDE e criada num contexto de privilégio que acaba por abraçar a causa comunista em Cuba e apaixonar-se por…Che Guevara. Rebelde desde o nascimento, Annie, jovem bonita e culta, sempre quis pensar pela sua cabeça, entrando em conflito aberto com a mãe e tendo sempre o amor incondicional e permissivo do pai, rema sempre contra a maré, tentando escapar ao tédio da Lisboa dos anos 50 e 60, que pouca emoção lhe traz. Quando conhece um diplomata suíço, vê a sua oportunidade de aventura e depois de largos de meses de tédio, consegue o quer, quando o marido é colocado em Havana, assistindo à crise dos misseis de Cuba in loco. Annie Silva Pais entregou-se então à revolução.

Turning Japanese (2023)

Outubro 18, 2023

Design sem nome (2).pngGosto bastante de histórias autobiográficas que incluem a adaptação a novos países porque sendo histórias comuns não deixam de ser pequenas epopeias ou páginas heroicas pessoais. Normalmente, trata-se da adoração de emigrantes a países desconhecidos, como acontece em Welcome to The New World ou até a preparação de antecipação da viagem, como em When Star Are Shattered.

Em Turning Japanese, temos algo um pouco mais simples, como a busca pelas origens. MariNaomi descreve o seu percurso entre os EUA, onde nasceu e cresceu e o Japão dos seus antepassados, entre os quais a mãe que sempre quis falar com ela em inglês. À medida que envelhece, a autora e protagonista procura saber mais sobre o Japão e quer aprender a língua, mudando-se para o país e tentando tornar-se, aos poucos, aquilo que já é, japonesa.

Elise e os Novos Partisans (2023)

Outubro 17, 2023

Design sem nome (1).pngVista tanta vezes como uma arte menor, a banda desenhada tem a vantagem de simplificar mensagens ou contextos difíceis, ilustrando-os e resumindo-os. É essa fórmula que segue “Elise e os novos partisans” de Dominique Grangé e Tardi, que tem edição portuguesa da Ala dos Livros, com data de saída de maio deste ano.

O livro debruça-se sobre a Paris dos anos 60 e 70, com a independência da Argélia como pano de fundo. Conhecemos a violência cega da polícia contra os emigrantes argelinos, vindos dos subúrbios (algum nunca de lá tinham saído) para protestar e damos um salto de alguns anos para conhecer Elise, que no liceu, em Lyon, fora desperta por uma professora para a questão da autodeterminação dos povos e para o direito da Argélia existir por si. Elise começa a documentar-se sobre colonização, a escravatura, a luta de classes ou o marxismo e acaba por continuar a sua vida em Paris.

Nos anos antes do famoso maio de 68, Elise é uma cantora de algum sucesso, abandonando a carreira para se juntar à luta contra a exploração dos trabalhadores, a injustiça social e o racismo. O percurso único de Elise mostra-nos a França de então, e muitas das convulsões que são comuns aos dias de hoje.

Fome (2023)

Outubro 16, 2023

Design sem nome.pngVer Fome, no Netflix, permitiu-me ter uma das primeiras experiências com o cinema tailandês, o que é sempre interessante. Aqui, seguimos a vida de Paul, um chef (Nopachai Chaiyanam), autoritário, perfecionista e figura de culto, que gere um restaurante de topo, no topo de um arranha céus e faz eventos privados para a nata da sociedade local. Bem mais pobre e menos sofisticada é Aoy (Chutimon Chuengcharoensukying) que trabalha no modesto restaurante do pai, manuseado com mestria um wok para fazer pratos populares. Quando um membro da equipa de Paul a aborda, Aoy não resiste a tentar a sorte no mundo da alta cozinha, deixando a família e tudo o que conhece para trás, tentando aprender e superar o mestre.

Fome não tem o visual cru que seria de esperar nem uma história tão dura como poderia fazer sentido mas a sua abordagem "fácil" e "comercial" funciona e sabe bem. 

A Viagem (2023)

Outubro 10, 2023

Design sem nome.pngNão conhecia o trabalho da designer e ilustradora Agustina Guerrero, mas felizmente descobri este A Viagem, um relato autobiográfico de uma viagem ao Japão. Começo pela edição portuguesa, da D. Quixote, num belo volume de capa dura, vermelho e com uma textura e aspetos premium. O que não deixa de contrastar com o traço algo naïve e até infantil das vinhetas de Agustina. Mas funciona. Muito bem.

A viagem ao Japão era muito antecipada há meses, mas lá chegada, a nossa protagonista sente jet-leg e sobretudo sente a companhia da ansiedade, amiga de longa data. Lutando contra si e contra a falta de sono e tranquilidade, tenta aproveitar os aspetos práticos e espirituais de estar num destino de sonho, para si. Felizmente, conta com a ajuda da amiga, sempre entusiasta e bem-disposta e pronto a apoia-la.

Oppenheimer (2023)

Outubro 09, 2023

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Oppenheimer é a mais recente obra prima de Christopher Nolan, génio cinematográfico, responsável por Dunkirk, Interstellar, O Cavaleiro das Trevas Ressurge, A Origem ou O Terceiro Passo. O título não deixa espaço para dívudas e refere-se a Julius Robert Oppenheimer, para sempre conhecido como “pai da bomba atómica”. Com efeito, acompanhamos os trabalhos em Los Alamos, cidade construída para servir de base a cientistas de todo o mundo em busca, no Novo México, de criar uma bomba antes que os “outros” o conseguissem.

Mas o filme não glorifica nem o homem, nem a bomba. Acompanhamos, ao mesmo tempo, várias fases da vida do físico. Com 22 anos, vemo-lo em Camdridge, onde parece não encaixar, acabando por acabar os estudos na Alemanha, antes de regressar aos EUA. Já depois de quase deixar a sua simpatia pelo comunismo e por uma namorada militante, Oppenheimer, homem mais maduro e casado é escolhido para liderar o celebre Projeto Manhattan. A bomba fica pronta já depois da rendição alemã e, como se sabe, acaba por ser usada no Japão, o último grande resistente.

Mortificado pela sua criação, o cientista acaba, eventualmente, por se render e viver da sua fama, que lhe granjeia respeito e cargos de respeito onde mantém as suas posições pouco populares de não mais pesquisar e criar bombas. E são as suas posições que fazem com que cheguemos a outro tempo da sua vida, um no qual é ouvido para determinar até que ponto já não era comunista. O presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, guardando rancor contra si, tenta espezinhar a influencia política de Oppenheimer submetendo-o a duros e longos interrogatórios, que o humilham e o fazem ver vários a trai-lo.

Oppenheimer é provavelmente o filme da vida de Cillian Murphy, o que não é dizer pouco, tendo em conta a sua longa carreira, cheias de fabulosos personagens, de Tom Shelby a Jonathan Crane (vilão de Batman Begins), passando por Kitten em Breakfast on Pluto. Fazem.lhe boa companhia Robert Downey Jr. como seu inimigo, Lewis Strauss. Mas, Oppenheimer é também uma parada de estrelas que inclui Emily Blunt, Matt Damon, Florence Pugh, Josh Hartnett, Casey Affleck, Matt Damon, Kenneth Branagh e muitos outros. Até Rami Malek, vencedor do Oscar de Melhor Ator há um par de anos, aparece por ali, para poucas cenas.

Um triunfo.

A Armadura de Luz (2023)

Outubro 03, 2023

Design sem nome.pngCada regresso de Ken Follett a Kingsbridge é uma alegria para milhões de pessoas no mundo. Follett mostrou-nos a cidade inglesa no final dos anos 80 com Os Pilares da Terra, por cá editado em dois volumes. Nele, Tom, humilde, mas determinado pedreiro persegue o sonho de construir uma grandiosa catedral na Inglaterra do Séc. XII. Em 2007, Follett lançou mais dois volumes. Um Mundo Sem Fim leva-nos a Kingsbridge mais de 150 depois da ação do livro anterior e mostra-nos como quatro crianças (descendentes de personagens do primeiro livro) assistem a um assassinato e decidem fazer um pacto de silêncio.

Em 2017, saiu Uma Coluna de Fogo, passada em 1558. Aqui, Ned regressa a Kingsbridge para encontrar uma cidade dividida pela religião. São os tempos da subida de Isabel Tudor ao trono, com a sombra de Maria, sua prima e rainha da Escócia. Em 2020, saiu Kingsbridge: O Amanhecer De Uma Nova Era. Curiosamente, este não continua os volumes anteriores, sendo antes uma prequela d´Os Pilares da Terra, situado no final da Idade das Trevas. Inglaterra é atacada por galeses e vinkings em duas frentes enquanto que três personagens se destacam: um construtor de barcos que fica sem sustento após um ataque viking; uma nobre da Normandia que se casa e tem também que abandonar tudo o que conhece e um monge que sonha transformar a sua abadia em algo bem maior.

Chegamos agora ao quinto volume das visitas de Ken Follett, de regresso a Kingsbridge, agora em A Armadura de Luz e em 1792. Em França há ecos de revolução e Napoleão sobre ao poder. Em Inglaterra, vai chegando o progresso, fazendo com que muitos trabalhadores fabris deixem de fazer falta e de ter sustento. Como sempre, Follett conta o quadro histórico geral ao mesmo tempo que nos faz centrar em personagens profundas. No caso, Amos, que pensaria um dia herdar um negócio de sucesso, mas quando o pai morre demasiado cedo herda apenas dívidas ou Sal, camponesa e fiadora que se vê viúva e sem o filho, requisitado aos 6 anos para trabalhar para uma família nobre. Como sempre, uma história bem contada, que confirma, pela milésima vez, que Follett é um mestre.

Cassandro (2023)

Setembro 29, 2023

Design sem nome.pngSaul (Gael Garcia Bernal) é um mexicano de 35 anos com poucos recursos e uma grande paixão por lucha livre. Gay assumido é lutador ocasional, servindo sobretudo para perder contra outros, mais dentro da norma. Trabalha numa oficina e faz uns biscates de costura, ajudando a mãe, que entre a noite e o dia vai ganhando a vida. O pai está vivo, mas despreza a ex-amante e sobretudo o filho, pela sua orientação sexual. Determinado a melhorar dentro dos ringues, consegue a ajuda de uma treinadora e começa a subir na consideração dos fans da modalidade, conseguido respeito e sucesso, mesmo nunca deixando de ser um Exótico, um tipo específico de lutador, efeminado. É baseado numa história verídica.

Sex Education (2019-2023)

Setembro 25, 2023

Design sem nome.pngÀ quarta temporada, Sex Education despede-se. E foi uma bela jornada, na qual acompanhamos Otis (Asa Butterfield) um adolescente tímido no habitual ambiente feroz de um liceu, mesmo que este liceu pareça mais cool do que todos os outros. À medida que vai encontrado o seu espaço, acaba por passar por dois acontecimentos determinantes: apaixona-se por Maeve (Emma Mackey) e abre uma clínica de educação sexual na escola, ajudando os seus colegas, com a sua sensibilidade e os conhecimentos adquiridos junto da mãe, essa sim, a terapeuta sexual de renome, Jean (Gillian Anderson). Nesta nova temporada, pouco depois de Otis e Maeve finalmente se entenderem (beijarem) ela muda-se para os EUA, onde vai estudar e ele, com vários dos amigos de sempre, para uma escola WOKE e com vários desafioos a conquistar. Acaba em beleza, uma das mais frescas séries dos últimos anos.

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