Doce Tóquio (2022)
Da pouca literatura japonesa que consumi, há uma característica comum que muito me agrada: uma escrita simples com significado complexo. É o que se passa em Doce Tóquio, de Durian Sukegawa. Sentarô, ex-presidiário, tem uma dívida de gratidão e de muito dinheiro para com o seu patrão. Nem o facto de ele estar morto faz com que deixe de a querer pagar, passando os seus dias a fazer dorayaki, uma espécie de panquecas recheadas, que confeciona como um autónomo, sem paixão. Mas vai pagando a dívida à viúva. Nos intervalos, bebe demasiado e deixou o sonho de ser escritor.
A sua vida muda quando conhece Tokue, uma senhora de idade, com umas mãos estranhas, que quer trabalhar para si, por uma fração do salário justo. Depois de muita resistência, Sentarô aceita a ajuda e começa a perceber o quão especial a idosa é. Faz a melhor pasta de feijão doce que já comeu e ajuda o negócio a crescer, ao mesmo tempo que, por muito que o parão a queira escondida, começa a conquistar os clientes, em especial, a adolescente Wakana.
Aos poucos, Sentarô e Wakana vão conhecendo o passado triste de Tokue e a explicação para as suas mãos deformadas, o que abre as portas para o conhecimento do autor para a forma como as pessoas com uma determinada doença eram tratadas no Japão, até meio dos anos 90.
Este é um livro sobre fé na pessoas e sobre o sentido da vida. Em 2015, deu em filme.