Elise e os Novos Partisans (2023)
Vista tanta vezes como uma arte menor, a banda desenhada tem a vantagem de simplificar mensagens ou contextos difíceis, ilustrando-os e resumindo-os. É essa fórmula que segue “Elise e os novos partisans” de Dominique Grangé e Tardi, que tem edição portuguesa da Ala dos Livros, com data de saída de maio deste ano.
O livro debruça-se sobre a Paris dos anos 60 e 70, com a independência da Argélia como pano de fundo. Conhecemos a violência cega da polícia contra os emigrantes argelinos, vindos dos subúrbios (algum nunca de lá tinham saído) para protestar e damos um salto de alguns anos para conhecer Elise, que no liceu, em Lyon, fora desperta por uma professora para a questão da autodeterminação dos povos e para o direito da Argélia existir por si. Elise começa a documentar-se sobre colonização, a escravatura, a luta de classes ou o marxismo e acaba por continuar a sua vida em Paris.
Nos anos antes do famoso maio de 68, Elise é uma cantora de algum sucesso, abandonando a carreira para se juntar à luta contra a exploração dos trabalhadores, a injustiça social e o racismo. O percurso único de Elise mostra-nos a França de então, e muitas das convulsões que são comuns aos dias de hoje.