O Problema Espinosa (2012)
Depois de ler O Segredo de Espinosa, de José Rodrigues dos Santos, que não menosprezo, quis ler mais sobre o filosofo de origem portuguesa e embrenhei-me, felizmente, neste O Problema Espinosa, de Irvin D. Yalom, saído há cerca de onze anos, mas que só graças a JRS dei atenção.
Tal como JRS, Yalom mostra-nos o dia a dia de Espinosa, “pegando” nele já adulto e à beira da excomungação. Não o vemos crescer como no livro do português, se bem que tenhamos ecos da sua educação e das perdas que foi sofrendo. Muito melhor escrito, O Problema Espinosa é uma bela viagem pelas ideias de Espinosa e pela Holanda de então.
Mas o livro tem uma segunda camada. Para cada capítulo com a vida de Espinosa, há um com a vida de Alfred Rosenberg. Yalom mostra como os escritos de Espinosa, judeu, acabaram por ter influência em Rosenberg, conhecido como teórico do nazismo, através de um forte ódio ao povo judeu materializado em obras como O Mito do Século XX, onde dá continuidade ao antissemitismo de Houston Stewart Chamberlain, entre outros. Yalom coloca-nos na Estónia onde Rosenberg começou a preocupar os seus professores de liceu com as suas ideias fanáticas e depois vemo-lo viajar até Munique onde começa a ter destaque num jornal político e se junta ao Partido Trabalhista, mais tarde nazi, conhecendo Hitler.
Espinosa nunca saiu da cabeça de Rosenberg desde os tempos de liceu, uma vez que o seu grande ídolo, Goethe, era profundo admirador de Espinosa, um judeu. Esse problema liga-o, neste belo romance, a um homem que viveu 300 antes e que não poderia ser mais diferente de si.